13 abril, 2012

Paraíso


«Paraíso
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do sol me não constranja.
Numa taça da sombra estilhaçada,
Deita sumo da lua e da laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um porto
Onde eu oiça o estertor de uma gaivota...
Crepita, em redor, o mar de Agosto...
E o outro cheio, o teu, à minha volta!
Depois podes partir. Só te aconselho
Que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençois o lume do teu peito...
Podes partir, de nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso » 
David Mourão Ferreira


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