«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
28 junho, 2011
Abraço
«Um abraço tem esse poder: o de isolar duas pessoas do resto do mundo»
Talvez fosse esse o segredo do seu abraço. Ofuscava a vida, imunizava sons, cheiros, vultos. Cegava gentes que a raspavam despercebida. Não via nada, naquele abraço enfeitiçada.
Um abraço de chegada, era também de partida.
Apertado, quente, desgovernado, enlouquecido. Elevava-a ao paraíso. Rodopiava em círculos nos seus braços desengonçados, compridos.
Enrolava-a como a serpente envolve a sua presa, habilmente a seduz devagar. Não havia forma de escapar. Nem vontade, admitia. Aquele abraço revivia um sonho antigo, ainda que breve e esquivo, explodia felicidade à chegada, rasgava a alma na despedida.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário