Sabes, estou
perdida…
Como se as
pernas não pertencessem ao tronco e a cabeça não soubesse o que coordenar. Os
braços gesticulam cegos e da boca brotam, insaciáveis, palavras soltas que não sei de onde
vieram, nem o que querem dizer. Depois são as pernas que sacodem o corpo
inerte, levam-me numa espécie de sonambulismo para os lugares onde me esperam.
É uma sensação estranha, dormente.
Há sempre
alguém que me espera. Alguém que tem algo para me dar, algo para me dizer.
Esperam-me. Ou esperam de mim sem eu perceber.
Pergunto-me, no embalar do vento, se eu também espero alguém.
Não sei onde estás, mas talvez te espere.
No limite do absurdo, sacudo o tempo da ausência para refugiar-me no conforto do teu colo. O lugar seguro onde eu te espero. Lá, na cabana da praia, numa noite em que a chuva cai violenta. Bebemos o vinho tinto derramado pelos nossos corpos, despojados no chão. A minha boca deleita-se a percorrer suavemente o teu pescoço, enquanto as mãos tacteiam no escuro, procuram sôfregas o ritmo certo.
Não sei onde estás, mas espero-te.
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