Costumava falar do encontro das almas.
Enquanto procurava na mudez do tempo um vestígio de mim.Perdido no meio do nada, no centro do corpo,
enterrada no peito, a dor exacta, acutilante
- A falta de ti.
Lembrava-me dos braços em redor, envoltos de
riso. Os lábios quentes, ousados. Intensos. Pele arrepiada pelo sussurro que
despe lentamente, sem pudor.
Entranha-se na carne, como um veneno corrosivo, percorre a corrente sanguínea - a tua voz, calma, sedante.
Entranha-se na carne, como um veneno corrosivo, percorre a corrente sanguínea - a tua voz, calma, sedante.
Acreditava no encontro das almas. Inesperado,
insólito. Que rasgava as probabilidades mais sábias. O verdadeiro elogio dos
ignorantes - o encontro perfeito, de quem não procura, e se encontra sem
perceber.
Enquanto os olhos ardem na distância,
acompanhando a trepidação das turbinas que sacodem o corpo assustado, inerte de
acção.
É quando te digo que as almas são errantes.
Cegas, tacteiam no escuro, desesperadas. Correm sem direcção, sem medo, sem
pensar. Carentes, alimentam-se de cada fôlego de vida. Sobrevivem, numa
constante falta de ar.
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