«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
21 junho, 2011
cabeça fora do corpo
Sinto-me, por vezes, com a cabeça fora do corpo. De uma forma ridiculamente invulgar. Como se os gestos se articulassem sem qualquer comando, estranhamente robotizados. A cabeça abstrai-se do mundo em redor, gira em torno de si própria, mas não vislumbra nada. Apenas sombras dançam perfeitas à minha volta, resta-me uma intensa neblina que paira no ar. Penso que seja cansaço e abano a cabeça inquieta, derrotada. Mas é mais do que isso, é um estado de insónia constante, persistente vigilância. É a cabeça que se recusa a funcionar. Pensar que o tempo passa depressa, apressado. Arranca cada pedaço de sonhos adiados, como um tornado. Arratasta-me sem perguntar. A cabeça voa distante, fora do corpo, atracado lá em baixo, amarrado em dever e responsabilidade. A cabeça voa para não pensar. A cabeça voa fora do corpo, infiel e distante, foge para não o enfrentar.
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4 comentários:
Compreendo na perfeição o que sentes, penso até que já escrevi algo nesse sentido. Insónia constante e movimentos robotizados - soa-me tão familiar...
Não o sinto no momento presente, mas já senti...
Um beijo grande, espero que estejas bem :)
a mim também... já passei por várias fases assim...robotizadas... ainda não percebi bem se cheguei a sair delas por algum instante ou foi mesmo a sonhar!!
Um beijinho enorme
Closet,
Também sinto, por vezes, a cabeça fora do corpo.. sabe tão bem não pensar.. simplesmente ficar..
Adorei, como sempre..
Um grande beijinho :)
Ametista, Sabe bem sim, mas convém de vez em quando a cabeça regressar à Terra, ou o embate é (ainda) mais complicado! Beijinhos!
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