«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
18 dezembro, 2011
Palavras-escudo
Há certas palavras que me afastam.
Não é bem andar para trás (que eu não ando para trás), mas uma espécie de choque frontal numa barreira invisível que me pára, imobiliza como se entrasse num campo electromagnético. Sim, são palavras que parecem ficção cientifica. Vindas, de repente, do nada, produzem um efeito incalculável e incompreensível.
Nem sempre são palavras de sentido único, por vezes são um conjunto delas, organizadas de uma forma que me incomoda. Poderão chamar-lhe frases. Poderão considera-las inofensivas. Muitas são proferidas numa ingenuidade devastadora, que me arremessa para longe, atira-me distante. Engulo em seco, respiro fundo, fecho os olhos e volto a abri-los, para caminhar de novo.
Acredito que muitas dessas palavras-escudo são ditas sem intuito especifico, na maioria sem intuito nenhum. Mas, na minha insegurança irascível, condeno-as sem piedade, afasto-me com repulsa e desilusão.
Queria que os meus ouvidos fossem surdos dessas palavras, que se escudassem delas para não me ferirem.
E não ouvindo nada que me perturbasse, o corpo seguiria instintivamente em frente, livre e descalço por um caminho sem rumo.
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