«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
30 janeiro, 2012
Fantasmas
Toda a minha vida tenho inventado fantasmas. Dou-lhes rosto, corpo, um cheiro, até uma textura de pele.
Convivo com eles diariamente, contemplo-os embriagada, abraço-os, beijo-os. Percorro-lhes o corpo imaginário, intangível.
Deixo, que se aproximem de mim lentamente. Chegam perto e amam-me. Imóvel deixo que me dispam de desejo e façam amor comigo em fantasia.
Os meus fantasmas. Aqueles que me tocam mas só eu vejo. Acompanham-me diariamente, numa espécie de não-vida, fugaz, fugidia.
Estou sempre a inventa-los, numa luta absurda, inglória, onde a realidade reina em tirania.
Eles vão e voltam, os fantasmas. Vão mudando, atropelam-se uns aos outros. Adormecem, acordam, voltam a desaparecer.
Invento-os sem dar por isso, a cada dia que passa, em cada rumo que sigo a deambular à deriva. Entre a agitação e a calma, encontro neles um qualquer ponto de equilíbrio. Desequilibrado, por ser inventado, uma bolha de ar capaz de manter-me à superfície.
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3 comentários:
"Quem me leva os meus fantasmas?"
:)
É tempo de ser tudo mais real!
Pois devia ser essa a música, mas no telemóvel não dá para mudar! Boa semana, bem real :)
Vou (vamos, porque espero que tu também) fazer por isso :)
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