30 janeiro, 2012

Fantasmas




Toda a minha vida tenho inventado fantasmas. Dou-lhes rosto, corpo, um cheiro, até uma textura de pele.
Convivo com eles diariamente, contemplo-os embriagada, abraço-os, beijo-os. Percorro-lhes o corpo imaginário, intangível.
Deixo, que se aproximem de mim lentamente. Chegam perto e amam-me. Imóvel deixo que me dispam de desejo e façam amor comigo em fantasia.
Os meus fantasmas. Aqueles que me tocam mas só eu vejo. Acompanham-me diariamente, numa espécie de não-vida, fugaz, fugidia.
Estou sempre a inventa-los, numa luta absurda, inglória, onde a realidade reina em tirania.
Eles vão e voltam, os fantasmas. Vão mudando, atropelam-se uns aos outros. Adormecem, acordam, voltam a desaparecer.
Invento-os sem dar por isso, a cada dia que passa, em cada rumo que sigo a deambular à deriva. Entre a agitação e a calma, encontro neles um qualquer ponto de equilíbrio. Desequilibrado, por ser inventado, uma bolha de ar capaz de manter-me à superfície.



3 comentários:

S.o.l. disse...

"Quem me leva os meus fantasmas?"

:)

É tempo de ser tudo mais real!

sgar disse...

Pois devia ser essa a música, mas no telemóvel não dá para mudar! Boa semana, bem real :)

S.o.l. disse...

Vou (vamos, porque espero que tu também) fazer por isso :)