06 maio, 2012

Instantes


Somos instantes. Pequenos, minúsculos. 
Somos o segundo. Um crepúsculo de tempo, de espaço. Arco-íris de emoções incertas num esboçar de riso do sol. Relâmpagos brilhantes, fugazes, em céu carregado de negro e lilás. 
Amamos intensamente. Mudamos. Crescemos. Esquecemos. Tudo é efémero, volátil. O que procuramos está num instante futuro ou passado. Nunca encontramos. O momento é ocasião e impasse. Vivemos a tela que pintamos sobre tintas ressequidas, sobre sombras esborratadas. E na transgressão do impossível, agarramos um rasgo de prazer momentâneo. Pincelamos a cores garridas o sangue da paixão que nos queima. Para no instante seguinte, em que a perseguimos, embatermos num muro alto, gigante. A queda no chão é um instante. Olhamos à volta e nada faz sentido, tudo é novo e diferente. Há a inevitáve partida, num corpo dorido de mudança. Confuso, talvez perdido. 
Não acredito no caminho contínuo, não confio na segurança. Em convenções e regras permanentes. Nós somos instantes.
Não me venham falar de verdade! Sou inteira aqui e agora. Tudo o resto é mistério. 


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