10 setembro, 2013

entre os dois

« a mais bela ponte construída no planeta é a distância entre um olhar e outro» Mário Prata


Por vezes é mesmo assim. O meu olhar perde-se no teu à procura de respostas a perguntas que não existem. Outras, perdes-te no meu, ziguezagueando indeciso, entre palavras sobre assunto nenhum. De que falamos quando os nossos olhares se chocam despidos?
Socorro-me de frases feitas, banais, entre um pestanejar nervoso que finges não reparar. E tudo o que digo sai desenfreado, tu perguntas, eu repondo. Quase sem pensar. Porque o que penso no meu íntimo, nunca digo. Fica sempre entalado entre um olá e um adeus, adiado para um depois, que nunca irá chegar.
Normalmente é assim entre nós dois. O tempo corre-nos nas veias e sabemos que é cruelmente veloz. Que perdemos sempre mais um pouco, desperdiçamos cada momento que os nossos olhares se cruzam perdidos um no outro. Prendem-se. Cegos. De medo? Pergunto em surdina.
"Somos opostos", dizes-me sem rodeios, como um raio de sol que me queima a retina. Opostos, repito confusa. Pensava-nos perto. Reparo desconfortável, entre nós, uma cerca opaca e rígida.



Sem comentários: