20 outubro, 2015

É por ali



«É por ali» diziam-lhe.
Mas os pés tremiam invariavelmente na bifurcação.
Perdida de medo,  mergulhada em dúvidas, hesitações.
Sempre que escolheu amar, o amor não a escolheu.
Como se a linha do destino estivesse traçada e, lá no fundo, à sua espera, sempre o vazio, imenso. Um abismo voraz,  infinito - a escolha do coração.
Essa bússola errante, cega, demolidora. Arrasta para os caminhos mais distantes da razão. Lugares selvagens, paraísos sonhados, castelos erguidos no céu de algodão.
Só porque escolheu amar, não foi por ali.
Fechou os olhos, apertou os braços contra o peito, chorou e caminhou .
Mas o amor não a escolheu, esse amor, tão frágil, tão raro, nunca chegou.

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