«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
07 agosto, 2011
Instante descalço
«Não, não preciso de mais nada» dizia-lhe sorrindo «Só preciso de ti »
E era tudo quanto ela queria ouvir da sua boca, como um beijo que dança ao som de uma melodia triste.
Era tudo quanto ela queria acreditar, e por isso sorria. Um sorriso também triste, silencioso, descalço.
Naqueles breves segundos era tudo quanto a prendia à vida. Não queria pensar no depois. Estava ali, mesmo à sua frente, "o" instante mágico, avassalador. De hesitações e contradições, engolidas por uma amálgama de emoções. Era o tudo ou o nada, não se pode morrer para viver outra vez. O chão tremia por baixo dos pés descalços, tremia também o corpo de impotência e ardor. Entregam-se os braços desamparados e as bocas sequiosas debatem-se em areias movediças de desejo e pavor. Queima-a a paixão, por não ter limites ou controlo. Foge-lhe por entre as mãos o coração, também descalço de reacção ou consolo.
Sempre foi tudo o que ela queria e sonhava. Ele, o "instante", mesmo que vadio, descalço de amor.
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