«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
18 agosto, 2011
Por trás do Vidro
É ali, por trás do vidro, que me encontro contigo.
Num magnetismo que atordoa e assusta. Esfaimada de um abraço, um beijo, um sorriso.
Embato no vidro, desolada. Sinto a violência da impotência: quero tocar-te, mas não consigo.
Respiro rente ao vidro embaciado. E beijo-te. Demoradamente.
Há uma certa intemporalidade na barreira do vidro. Despojada de horas, de regras ou limites. Por isso perco-me nesse beijo etéreo. E sinto os teus lábios molhados tocarem nos meus.
As mãos tacteiam, por entre o vidro espesso onde os corpos suados roçam numa espécie de dança invulgar. Tua e minha. Erótica. Viciante. Não sei se és verdade ou fantasia, mas sinto-te em mim de uma forma precisa. Ali, por trás do vidro, onde me encontro contigo. Onde entrego o que há mais íntimo em mim.
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