«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
27 setembro, 2011
Entre mim e a vida
É uma espécie de discussão, entre mim e a vida. Um diálogo surdo de incompreensão. Pergunto porque me sacode com raiva, quebra as asas com que me invento para voar. Do seu lado, apenas um rosto envidraçado com o perigo constante de estilhaçar. Frágil, escorregadio. O sabor da vida, uma mistura inebriante de contradições. Fragrâncias adocicadas, ludibriantes de ilusões.
Penso em ti. Absurdamente, penso em tudo o que não revelei. E sei, com toda a certeza que a incerteza contém, que queria ter-te agora aqui, neste preciso momento. Novamente, os teus braços quentes à minha volta, o cheiro da tua respiração. Entre gritos intensos de discórdia, deflagra incontrolável o desejo que controlo entre as mãos. Queima por dentro, jorra abundantemente, a loucura da imaginação.
A vida olha-me de frente, rejubila crueldade. Sabe que sofro inevitavelmente a dor da negação. Que mordo-me, rasgo-me por dentro, mas não assumo a dependência química onde aprisionaste a minha razão.
Penso em ti, com a calma a esvair-se nas veias, sangrando insatisfação. Não sei o quero, mas preciso sacudir-te da minha cabeça, vomitar-te do meu peito, transpirar o desejo insano que a sedução constrói.
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