«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
03 novembro, 2011
Amar um corpo
Nunca amei um corpo que não vi.
Para ama-lo precisei sempre de tempo e aproximação.
Num ritual diário. Como aprender a dançar, um passo, a seguir ao outro, em sintonia.
Para não estranha-lo e encaixa-lo suavemente no meu.
Precisei de vê-lo com os olhos, senti-lo com as mãos, os braços, a pele. Percorre-lo demoradamente com os lábios, saboreá-lo e sentir-lhe o odor.
Nunca amei um corpo que não conheci. A ausência é insuportável aos meus sentidos sedentos, insatisfeitos.
Mas só ao conhecer esse corpo que já amo - tacteando no escuro como se desbravasse insaciável um território novo deslumbrante - que posso ama-lo incondicionalmente, sem limites ou restrições.
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