30 novembro, 2011

Chegar a ti



Digo para mim que talvez seja uma questão de altura.
Nem sempre estamos no mesmo patamar. Tu és alto, eu sou baixa. Há cerca de dois palmos de centímetros que nos separam. Dois palmos que fazem toda a diferença.

Por vezes olhar para cima causa tonturas e náuseas. Acredito que olhar para baixo provoque vertigens assustadoras. Digo que é mesmo assim, é uma questão de nivelamento. Tu não me vês, eu não te vejo.

Eu nem sempre aguento estar de bicos de pés para acompanhar os teus olhos. Compreender-te, ver o mesmo que tu, do teu ponto de vista, o teu ângulo.
Tu nunca experimentaste baixar-te, ver as coisas daqui. São diferentes sabias? Mas nunca sequer tentaste. É tão mais fácil esperar que alguém chegue a ti, te mime e te ame.

Aí do alto onde vives, é um mundo de sedução, completamente novo para mim. Subo-te sequiosa, ramo a ramo. Sou eu sempre que subo, sou também eu que me arranho. Ainda assim, nunca digo «não» e aceito cada desafio de subida que alcanço.
Chego ao alto do precipício, limpo o sangue das feridas e deixo-me possuir pelo encantamento do teu beijo. Ainda que as pernas me tremam de cansaço e exista uma dormência permanente, como se estivesse em pontas o dia inteiro. Eu aguento. Tenho aguentado sempre, as tuas horas vagas, os caprichos e ensejos.
É assim que chego a ti, com dificuldade, não nego. Porque sabes-me a vida, o sabor ácido do desejo.





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