«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
08 novembro, 2011
Sonho
E se fosse tudo um sonho? Se eu te disser que tu não existes?
Tu, tal como eu te quero e tenho. Tu não existes sem ser nos limites castradores do meu sonho impossível. Incorpóreo. Leviano. Sedutor.
Vagueio os olhos no horizonte vazio, imenso, numa espécie de sonambulismo e procuro encontrar-te pelo caminho entre juncos que me cercam, como um labirinto, a cada instante. Não quero saber do espaço gigante entre tu, eu e a vida. Quero apenas encontrar-te nessa minha fantasia sem escape, ou fuga possível. Quero-te em sonho por inteiro. Deitar-te a meu lado à deriva, despir-te de qualquer passado, envolver-te sem nada pelo meio. Entregar-me devagarinho, para que não me leves a alma no teu peito. Sim, quero-te nesse sonho invisível, isolado e intangível. Fundir-me em ti num ritual único de prazer e sensação. Colorido, brilhante.
E rasgo-me, impotente, no acordar constante e violento do sono que me conforta. Um despertar frio, incómodo. Uma angústia. Agonia. Dor.
Depois há novamente o sonho. Tu e eu, os dois, num universo longínquo, numa realidade distante.
Há um caos a que chamam vida e há a paz a que chamo sonho.
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2 comentários:
"Não quero saber do espaço gigante entre tu, eu e a vida."
Gostei =)
É que há espaços assim mesmo, estupidamente gigantes!! Obrigada! bjs
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