04 novembro, 2011

Lágrimas salgadas


Porque eram salgadas, pensava que as lágrimas eram feitas de água do mar.
Por isso era lá que as derramava. Entre as ondas mais bravas, era lá que as largava rasgadas ao vento para, depois mais calma, prosseguir o seu caminho em paz.
Mas como eram salgadas, deixavam-lhe o sabor amargo na boca, ao escorrerem pelo rosto secando no canto dos lábios. Um sabor que se entranhava na pele, na língua, nos dentes, como se viesse bem de dentro, ainda mais salgado do que a água do mar.
Porque eram salgadas, as lágrimas que brotavam descontroladamente, atiradas ao mar, confundiam-se na espuma das aguas batidas, enfurecidas. Arrastavam-se nas correntes que invadia os rochedos e galgavam o muro que a distanciava do mar.
Indiferente ao frio e ao vento, pensou em entrar pelo mar dentro, para uma entrega total. Das lágrimas, que ocupavam todo o seu corpo, salgadas como a água do mar.



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