«Nunca é agora entre nós, é sempre até Domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, o medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.» António Lobo Antunes
19 outubro, 2011
Saudade
Há uma dose de egoísmo na palavra "Saudade".
Essa doença que deixa o corpo em dormência, a visão turva e o raciocínio lento, gasto. Queremos ter, porque sentimos falta. E a garganta seca das palavras que não saem na hora certa. Orgulhosas, debatem-se e proclamam seguras "Boa Viagem" quando por dentro ecoam dolorosamente, "Vou ter tantas saudades".
Depois chegam, vitoriosas, as saudades arrebatadoras. Deitam-nos ao chão indiferentes ao nosso esforço inglório para as receber com calma, em vez de ansiedade. Apoderam-se do corpo, da mente e, num golpe fatal , acertam-nos no peito. Um arrepio, o medo, o desespero do que ainda nem foi e já nos rasga. O vicio é um bicho feio, corrosivo, um vírus nefasto.
«Bolas, vou ter saudades tuas, de ter-te todos os dias, um pouco que seja, estares aqui». Suspiro agitada. Questiono-me a todo o momento, onde estás? Quando voltas? Porque já sinto a tua falta...
Mas nada te pergunto, num silêncio tremido, solto apenas numa voz abafada "Boa Viagem".
Há uma dose, imensa, de orgulho... na palavra "Saudade".
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