03 maio, 2013

histórias inacabadas




Ao final da tarde tu chegaste. Como sempre fazias, de mansinho. Sussurraste as palavras mágicas, enquanto envolvias suavemente as minhas costas com o teu corpo firme. O calor invadia-me no silêncio dos teus braços, e a tarde escurecia na tua respiração rente ao meu pescoço. Ritmada.Inquietante. Pudesse eu amar-te ali naquele instante, derrubar-te na areia e satisfazer todas as minhas fantasias. - Pudesse eu amar-te, novamente. 
Havia um pouco de mim nas palavras perdidas. Talvez eu tivesse algo mais para te dizer no intervalo rochoso onde nos separámos. E perdemos. Por acidente? Para sempre? Não há dúvidas que durem sempre, ou decisões perfeitas e tranquilas. 
Pressentia-te. Estavas ali, naquela tarde inacabada. Precisava de acreditar verdadeiramente na tua presença, mas não conseguia. O mar batia encrespado nas rochas e o meu coração batia também acelerado, enfurecido. Pensei que o segurasses enquanto deslizavas a mão pelo meu peito, pensei que o acalmasses e o curasses de uma dor antiga. Novamente as palavras mágicas entravam nos meus ouvidos pulsando toda a corrente sanguínea. Arrepiavam-me. - Pudesse eu amar-te ali mesmo naquele instante, apoderar-me sofregamente da tua boca, invadir-te com a minha língua. Percorrer a tua pele embriagada no aroma da maresia. Olhar-te nos olhos fixamente, procurar neles o brilho com que me encadeavas, recuperar a timidez para onde fugia. 
- Pudesse eu amar-te ali, novamente, o mar ainda dormia na areia, as rochas seriam uma cama de veludo.