31 outubro, 2011

Tanto assim



Quando eu te amar tanto assim, quero perder a orientação.
Não quero saber do início, do meio ou do fim, Quero-te por inteiro. Sem roupa, nem embaraços, no silêncio do chão. Envolver-te no meu corpo sem medo, saborear-te selvagem, sem explicação.
Quando eu te amar tanto assim, não me interessa para nada a posição. Os lábios são o ponto de partida, para a viagem insana, disparada sem rumo ou direcção. Não sei quando volto, se chego de dia, ou de noite. Nem sei se chego, se permaneço em ti, prisioneira da sensação.
Quando um dia eu te amar tanto assim, vou perder o pé no mar agitado, vai fugir-me a terra da estrada, e será teu o que restar de mim.

28 outubro, 2011

O amor existe


Foi num dia de fuga, quando os olhos embaciavam com as lágrimas que lutavam por segurar, e a cabeça zumbia um barulho ensurdecer, de tal forma a impedia de ouvir o mar.
Era mais uma fuga impossível, ela sabia. Naquele labirinto gigante e sem saída. Mas em todas as fugas ela procurava, incansável, uma porta, uma janela, um rasgo de luz divina.
Acreditava, como um doente em fase terminal sem qualquer esperança de vida, acreditava cegamente, porque queria tanto sentir-se viva.
Foi num desses dias de fuga que descobriu, escrito do céu no seu telhado, "o amor existe". Como se fosse para ela esta mensagem, a resposta ao seu cepticismo.
Limpou o rosto das lágrimas que o vento arrastava e ficou ali parada, entre o espantada e maravilhada. Entre as lágrimas e o sorriso.
Aquela mensagem, ali pintada, deu-lhe a calma que precisava para enfrentar qualquer perigo. Amparou-a, com a delicadeza das palavras, pegou-a ao colo e deu-lhe abrigo. Como se um ser azul de outro planeta aterrasse ali para afagar-lhe o rosto, beijar-lhe a alma e abraça-la por um tempo indefinido. E o tempo perdurasse naquele instante mágico, arrancando-lhe o riso que já esquecia, envolvendo-a em lençóis de loucura e fantasia.
Ainda não encontrou a porta, ou uma passagem, nem tão pouco o caminho, mas acredita que vai encontra-lo um dia, do outro lado da estrada, no alto de uma montanha ou na outra ponta do mundo. Porque o amor existe.

Te echo de menos




«Te echo de menos

Yo no sé lo que siento...
Ni como, ni ¿por qué?
Lo que sé y es cierto,
es que de menos te echo.

Cuando mis ojos cierro
¡Sin tu luz desespero!
Cuando los abro y te veo
¡De alegría yo muero!

Cuando el viento me roba
el olor de tu perfume...
Me quedo sin vida.
Porque mi cuerpo
¡Sin tu olor no respira!

Cuando te huelo,
los más intensos aromas
mi alma deleitan.
Se hincha mi pecho,
¡No cabe en él tanta dicha!

Cuando no encuentro tu mano...
Ya mi piel nada siente.
Mi sentir se detiene,
porque todo es inerte.
¡Solo me queda la muerte!

Cuando unes tu mano a la mía
Y siento tu calor
Un fuego me recorre
Una explosión de alegría
Estalla en mi corazón.

¡Maldigo el tiempo
en que no estas junto a mi!
Cada segundo sin ti...
¡Es como una vida
eterna y maldita!

Un solo segundo a tu lado
es para mi, ¡Toda una vida!
¡Y te quiero a mi lado!
¡Cientos de miles,
millones de vidas!
Como dos en uno...
eternamente enredados.» 
Francisco Frade Parada

27 outubro, 2011

Espaço


Contigo, até debaixo de um chapéu de chuva o espaço é demasiado grande.
Mesmo que os teus braços envolvam as minhas costas e o teu corpo caminhe colado ao meu, lado a lado. Precisamos ainda de menos espaço.
Talvez bastasse o espaço de um só, se a entrega fosse possível.
Talvez os corpos tenham de desistir do espaço que cada um tem. Sem receio ou orgulho. Perder a noção da pertença, de posse, de território.
É esse espaço pequenino que preciso para estar contigo, abrigada da chuva que cai à volta, enquanto desbravamos a fórmula mágica da fusão.

25 outubro, 2011

Carta a quem nunca se esqueceu


Se pudesse escolher um momento da vida para parar o tempo,
escolhia as horas daquela noite que nos pertenceu.
Não o momento, tanto tempo depois, em que os corpos se entregaram,
sofridos em vez de sôfregos, confusos e destruídos.
Mas a noite virgem, mágica, em que se tocaram de dentro para fora,
tactearam no escuro, cheiraram-se, roçaram cada milímetro de pele,
aventureiros destemidos, como se aquele instante fosse o fim do mundo.
Se pudesse escolher um momento, seria essa noite embriagada nos teus braços,
não deixaria romper o dia, carrasco de sonhos impossíveis.
Viveria a vida toda nessa escuridão, numa cegueira voluntária, sem medo, sem nada,
numa tenda montada no meio do mato, desalojada, em qualquer canto do planeta.
Mas a teu lado, só queria estar a teu lado. À beira de uma estrada ou no cume de um precipício.
Em qualquer lugar, enrolada no teu corpo, nas tuas pernas compridas,
sentir a tua respiração no meu rosto, a voz quente nos meus ouvidos.
Alimentar-me dos beijos impregnados de álcool e tabaco, tudo teu eu queria.
Era esse o momento que eu eternizava, e vivia, repetidamente, dia após dia.



21 outubro, 2011

Atropelar



Amar é a capacidade de atropelar e ser atropelado por alguém.
Não ter medo da velocidade, do clima e do piso. Entrar em contra-mão, não respeitar os sinais proibidos e enfrentar todos os cruzamentos que nos apareçam pela frente sem hesitar.
Que amar seja isso mesmo - Cruzar. Sem pânico.
Atravessar de olhos vendados, confiar no instinto. Destruir as linhas rígidas, paralelas eternas que nunca se encontram, os traços contínuos, os separadores de cimento a meio...
Amar é o desafio constante nas veias, são transversais, de braços, de pernas, de desejo. Acidentes provocados com a sede de quem quer entregar-se, sem pensar, ou medo de não receber.
Amar é atropelar e deixar-se atropelar.Voluntariamente.

19 outubro, 2011

Saudade


Há uma dose de egoísmo na palavra "Saudade".
Essa doença que deixa o corpo em dormência, a visão turva e o raciocínio lento, gasto. Queremos ter, porque sentimos falta. E a garganta seca das palavras que não saem na hora certa. Orgulhosas, debatem-se e proclamam seguras "Boa Viagem" quando por dentro ecoam dolorosamente, "Vou ter tantas saudades".
Depois chegam, vitoriosas, as saudades arrebatadoras. Deitam-nos ao chão indiferentes ao nosso esforço inglório para as receber com calma, em vez de ansiedade. Apoderam-se do corpo, da mente e, num golpe fatal , acertam-nos no peito. Um arrepio, o medo, o desespero do que ainda nem foi e já nos rasga. O vicio é um bicho feio, corrosivo, um vírus nefasto.
«Bolas, vou ter saudades tuas, de ter-te todos os dias, um pouco que seja, estares aqui». Suspiro agitada. Questiono-me a todo o momento, onde estás? Quando voltas? Porque já sinto a tua falta...
Mas nada te pergunto, num silêncio tremido, solto apenas numa voz abafada "Boa Viagem".
Há uma dose, imensa, de orgulho... na palavra "Saudade".

18 outubro, 2011

Não consigo



Tu e eu. Éramos tão perto, esmagados um no outro. De tal forma não distinguia a tua pele da minha, o meu pensamento do teu. Como se o meu braço completasse o teu braço, a tua perna fosse o prolongamento da minha. Éramos assim um do outro, um no outro, um só, o mesmo. 
Um mundo só nosso despido de gente, uma nudez onde não cabia mais ninguém. Era assim que te abraçava, num diálogo mudo, aquele que só o olhar consegue estabelecer. Éramos tudo, o presente, o passado e o futuro. Ainda sonho-te, aqui comigo, envolto nas palavras com que me cobrias, as que nunca irão acontecer. Sim, ainda vagueio à deriva, como um sem-abrigo.
Há tanta coisa que te queria dizer. Mas não consigo.

17 outubro, 2011

E daí?



«Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!»
Clarice Lispector

14 outubro, 2011

Dás-me cor


Dás-me cor.
Na multidão que invade os dias, encontrar-te foi uma explosão de vida. Um arco-íris gigante, infinito. Uma aguarela colorida, uma tinta brilhante.
Para explicar, todas as palavras são pobres, minúsculas. Queria pintar-te, todo, da cabeça aos pés, para perceberes o sentido. Pincelar-te ao ouvido «vem ter comigo» e besuntar-me nas cores com que me preenches a pele, tinges o meu sorriso.
Invades-me o olhar abertamente e o meu corpo treme de aviso. Não te consigo esquecer, por um minuto que seja. Entranhaste-te nos meus poros, corres pelo circuito sanguíneo e tatuaste as cores no meu paladar, no olfacto, no ouvido. Pintaste-me na tua tela, a traços grossos de carinho e amor. E onde eu era preto e branco, agora transbordo cor.


12 outubro, 2011

Intervalo


É assim uma espécie de intervalo, num filme enorme e aborrecido, onde por vezes acabamos por dormitar.
Respira-se fundo e o sorriso aparece de repente no acender das luzes. Levanta-se da cadeira que nos amarra, estica-se as pernas libertas. Vai-se até lá fora para apanhar um pouco de ar. Tem-se sede, fome. Tem-se um tudo confuso, misturado que não sabemos explicar.
É mesmo assim, como num acordar de um sonho, todos os sentidos rejubilam de prazer ao encontrar-te. Enrolar o meu corpo no teu, misturar as minhas pernas nas tuas, sentir o fresco das nossas conversas como se fosse uma brisa do mar. Tocar-te. Tocares-me. Com os olhos, as mãos, os lábios. Por fim, matar a sede nos teus beijos, a fome nos teus abraços.
É assim, como uma espécie de intervalo, daqueles que ansiamos o filme todo e nos dilacera a alma quando acaba.

10 outubro, 2011

Rocha fria



O corpo deambulava mecanicamente, obedecendo aos movimentos involuntários. Arrastava-se. Ritmado. Um passo, depois outro, num avançar cego, por instinto. O olhar pousado na areia molhada, agora marcada pelas suas pegadas num areal virgem. A musica rasgava-lhe os ouvidos, impedindo as vozes de entrar. As outras e as suas. Muitas, demasiadas, gritavam sem parar. Procurava a paz do silêncio nos rochedos, no rebentar das ondas do mar. Não lhe apetecia falar. As palavras espetavam-lhe os ouvidos como alfinetes. Aquela rocha dura, fria, era onde se abrigava, como numa concha. Abraçada, protegida. O seu corpo encaixava-se nela por medida. O vento passava ao lado sem incomodar, o mar espreguiçava-se na sua frente enquanto o sol brincava às escondidas.


Sente, acha que é isso - sente. Porque vem de dentro. Uma amálgama de sensações doridas, de todas as decisões errantes com que constantemente se martiriza. Um emaranhado de dúvidas e contradições. Ali, todas elas sentadas naquele buraco da rocha fria, cercam, possuem, esmagam de dor. 

Vira-se de costas, sem hesitar. Era assim que se despedia de tudo o que deixava para trás, do que não podia ficar. Ao fundo, de olhos baços, ainda vislumbra o sorriso de um abraço, um beijo meigo apertado, o calor do corpo que a aqueceu. Aos poucos torna-se numa névoa indistinta, ou será a noite a escurecer, tudo acaba por desaparecer.

Esconde as lágrimas num rosto calejado, pálido. Os lábios comprimidos lutam por se controlar. Mas uma tempestade inevitável desabava na noite escura, quando sozinha permite-se chorar.



07 outubro, 2011

O momento


Que viver seja arriscar e não perder o momento. Abordar sem medo um estranho no meio da rua que nos desperte atenção, mesmo que não tenha qualquer explicação racional, e ousar conhece-lo, desbrava-lo, porque pode ser a pessoa da nossa vida e deixa-lo passar pode significar perde-lo para sempre.
Que o amor, aquela palavra mágica do dicionário, não seja apenas um sentimento.Não seja sequer a pessoa que ama ou quem é amado. Seja muito mais do que isso e, ao mesmo tempo, tão fugaz e frágil. Que o amor seja o pequeno espaço que existe entre duas pessoas, que elas conseguem suster entre os seus corpos com cumplicidade.Na tentativa de se partilharem, de se prolongarem um no outro.
É assim que para mim é viver.

Há quem sonhe comigo sem eu saber e me surpreenda com carinho assim de repente. Deixa-me um sorriso no rosto, o conforto que valeu a pena arriscar conhece-lo e a certeza que ainda existe muito de nós por partilhar e conhecer.






06 outubro, 2011

Como esquecer



«Como esquecer?
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que faz para ficar? (…) As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. (...) É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de termina de lembra-lo. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doida, devidamente honrada. É uma dor que é preciso, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta magoa esta moínha, que nos despedaça o coração e que nos moí mesmo e que nos da cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos distrairmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos, amigos, livros e copos, pagam-se depois em conduídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. (…)
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas nas Caraíbas, livros de poesia. Só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar o fôlego. (…)
Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar!
Aí, está o sofrimento maior de todos. Aí está a maior das felicidades.»
Miguel Esteves Cardoso, in “Último Volume”

05 outubro, 2011

Simplesmente olhar




Gosto de enterrar os pés na areia e ficar sentada junto ao mar.
Prender os olhos no sol  e descer com ele até ao horizonte, pintar-me com as tonalidades que o céu me revela ao anoitecer. Gosto do momento, daquele instante só meu. Calmo e distante de qualquer realidade.  Procuro o sossego que acalme a incompreensão errante que me desgasta. Só sei ser assim, insatisfeita, incompleta, inconstante.
Mas entre mim e a vida não há meias-verdades. Não há espaço para planos, intenções premeditadas. Eu não jogo à defesa, nem ao ataque. Eu simplesmente não jogo - Eu amo. Sem pensar, sem medir. Sem comparar ou reclamar. Transbordo o que amo nos braços, nas pernas, nos olhos, nos lábios, nas mãos. A transparência é a minha maior fragilidade. Eu dispo-me de qualquer objecto de combate. Não sou um desafio para ninguém, nada tenho para descobrir ou fascinar. Porque sou tão simples e imprevisível como os meus actos, mas não sou nada mais do que isso. Entre mim e a vida não há nenhum mistério, sem ser essa minha vontade de enterrar os pés na areia e olhar o mar.



Poema Te olho nos Olhos

«Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente
Eu te ensinei quem sou
E você foi me tirando
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade
De me inventar de novo.
Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

04 outubro, 2011

Dependência


Há uma certa dependência na palavra "quero-te". Um veneno que vicia a vontade, amplia o desejo, atordoa a racionalidade. Há uma espécie de fraqueza em toda a palavra "saudade", há aperto, tristeza. O querer não sentir, a luta por fingir tudo o que não se sente. A negação. A inquietação com que se entrega a alma, a vontade acelerada, irada, impotente. O corpo que se debate, pele contra pele, ansioso. Há um abraço envolvente. Protege a fragilidade de quem se atira de cabeça. Um salto para o desconhecido, sem perguntas, nem direcção. Um mergulho sem colete nas marés vivas da paixão. Há um desistir que se anseia, porque a saudade mata, corrói, desgasta. Há a embriaguez de acreditar que o impossível se arrasta, transforma-se e vinga. Num movimento constante.É tudo sempre tão pouco, tão fugaz, insatisfeito.
Nunca o sonho é suficiente, ou a fantasia o bastante.