29 julho, 2013

apertado



Seria sempre assim entre nós dois.
Um espaço curto, quente, apertado. Onde o ar não passa e o tempo não mede.
Um lugar isolado do ruído das gentes, das frases repetidas, desprovidas de sentido.
Um espaço apenas nosso, tão nosso, que o cobrimos com os braços, com beijos. Apertamos com firmeza junto ao peito, num nó perfeito.
E ainda assim, escapa-nos por entre os dedos que o amam, num derramar lento, quase imperceptível, indolor. Perde-se. Aquele espaço pequenino que nos aproximava, e agora afasta.
- Para sempre? - questiono-me num monólogo recorrente.
Seria sempre assim entre nós dois.



17 julho, 2013

horizonte


As palavras escorregam, teimosas. Espalham-se pelos grãos de areia quentes.
Errantes. Perdem-se. Enterram-se de orgulho.
Não há um abraço, um beijo, um olhar que reclame vida.
És agora um sonho abstracto. Intangível.
Incorpóreo nos monólogos que pulsam desenfreados na garganta, a cada instante. Converso contigo num silêncio escuro, escondido. Não sei se me escutas, alguma vez que seja, se compreendes tudo o que digo.
Trago-te a mim nos momentos dilacerantes de abandono, do mais profundo vazio. Para que me resgates da rotina asfixiante e me seduzas para o teu mundo de fantasia. E sonho, sonho bastante, com o momento, o breve instante que, por acidente, nos aproxima. Fugaz, inesperado. Fascinante. Em que me abrigo no teu peito enquanto afagas o meu rosto e me cantas ao ouvido.