22 agosto, 2013

memória



«O que a memória ama, fica eterno.»
Dizia-te isto no outro dia.
Eternizamos momentos, sentimentos, sensações, que nos marcaram, por um instante  que seja, ou para toda uma vida. Eternizamos mesmo que já não tenham lugar no nosso corpo, espaço no nosso dia, ou já nem façam sentido. Mas na nossa memória eles perduram num amor que não se cansa, não se gasta, não envelhece. Um amor que dura, recorda sempre com saudade e nostalgia. Puro, ama desmesuradamente, sempre daquela forma, com aquele desejo, com a mesma intensidade. E recorremos a esses momentos, instantes que sejam, sempre e sempre. Voltamos a eles com um único objectivo: voltar a amar. Voltamos para viver novamente o que nos fez feliz. Voltamos por vezes até inconscientemente, damos por nós a regressar no tempo, no espaço, a lembrar os contornos do rosto, o brilho dos olhos, o cheiro da pele, o calor dos braços, o deslizar das mãos, o sabor da boca, a entrega dos lábios, da língua. Lembramos a voz rouca, grave, suave, as palavras que nos encheram o peito, ocupavam a cabeca que fervilhava euforia, palavras que significavam tudo, e eram mesmo tudo o que queríamos ouvir. 
Era isto que eu te queria explicar, entre palavras baralhadas, que brotavam confusas, ansiosas por ser ouvidas. 
Vivo diariamente memórias tuas que amo.
E essas memórias, nunca morrem. Nada as impede. Ninguém as rouba, esconde ou tira. E essa memória de instantes que loucamente amo, vou amar sempre, sempre com a intensidade que precisar, toda a minha vida.