28 junho, 2011

Abraço



«Um abraço tem esse poder: o de isolar duas pessoas do resto do mundo»

Talvez fosse esse o segredo do seu abraço. Ofuscava a vida, imunizava sons, cheiros, vultos. Cegava gentes que a raspavam despercebida. Não via nada, naquele abraço enfeitiçada.
Um abraço de chegada, era também de partida.
Apertado, quente, desgovernado, enlouquecido. Elevava-a ao paraíso. Rodopiava em círculos nos seus braços desengonçados, compridos.
Enrolava-a como a serpente envolve a sua presa, habilmente a seduz devagar. Não havia forma de escapar. Nem vontade, admitia. Aquele abraço revivia um sonho antigo, ainda que breve e esquivo, explodia felicidade à chegada, rasgava a alma na despedida.

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