13 fevereiro, 2013

para aquecer-me


É sempre tempo de te abraçar,
dizer olá de sorriso composto, aprumado, acenar cordialmente adeus.
É sempre tempo das palavras usadas brotarem, repetidas,
num eco familiar,
permitindo um pronuncio de saudade do que não se foi,
do que não se teve e heroicamente se afogou num imenso oceano de culpas e medos.
Tempo de descobrir a razão das dúvidas, a génese do sofrimento.
Ou na incerteza, apenas acreditar cegamente no bloqueio dos sentimentos.
É sempre tempo de te abraçar, devagarinho,
invadir-te com palavras que escorregam desastradas do parapeito da janela.
Dizer-te que não sei o que espero, nem quando,
ou mesmo se esperar é o verbo conjugado na gramática dos meus sinais.
O imediato bonito e breve está gasto, confesso-te. Não me regenera o sangue coagulado nas lembranças.
Para aquecer-me é preciso tanto, é preciso mais.


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