03 novembro, 2011

Amar um corpo



Nunca amei um corpo que não vi.
Para ama-lo precisei sempre de tempo e aproximação.
Num ritual diário. Como aprender a dançar, um passo, a seguir ao outro, em sintonia.
Para não estranha-lo e encaixa-lo suavemente no meu.
Precisei de vê-lo com os olhos, senti-lo com as mãos, os braços, a pele. Percorre-lo demoradamente com os lábios, saboreá-lo e sentir-lhe o odor.
Nunca amei um corpo que não conheci. A ausência é insuportável aos meus sentidos sedentos, insatisfeitos.
Mas só ao conhecer esse corpo que já amo - tacteando no escuro como se desbravasse insaciável um território novo deslumbrante - que posso ama-lo incondicionalmente, sem limites ou restrições.


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