10 novembro, 2011

Somos sozinhos


«Somos sozinhos com tudo o que amamos» Novalis.

Um corpo que se recolhe no silêncio do chão, a um canto os braços enlaçam as pernas e os olhos fecham-se para não ver. Rodeio-me de mim, como uma crisálida num casulo apertado. Quantas vezes caminho assim pela rua sem ninguém perceber. No mais íntimo dos medos, receio o contacto humano. Recuso viver. A realidade não basta, é vazia, deixa um buraco enorme que queima por dentro. Arde um fogo lento que se alastra, circunda e abafa o corpo dormente.
Aceno-te.
Estás no limite do horizonte (porque o que amamos está sempre lá, mesmo ao fundo).
Não te vejo, nunca te vejo, mas amo-te. Cada dia amo-te mais um pouco, de uma forma alucinante, numa dependência que não desejo ter. Sufoco cada gemido impotente de ausência, cada impossível que sei de cor. E ali mesmo, do meu canto, onde não espero nada da vida, nem a vida espera de mim. Espero apenas que estejas, do outro lado do horizonte. E, na mesma solidão que é não me teres, nem seres meu, me ames, desmesuradamente. Sem ninguém saber.


2 comentários:

T disse...

Ás vezes quero comentar os teus posts, mas acabo por cair sempre no mesmo. Adoro a profundidade com que escreves - "Cada impossível que sei de Cor"
E deixo-te aqui um papelinho dos meus =)

sgar disse...

Já tenho o papelinho colado :)
Obrigada nano-buddie =)