08 novembro, 2011

Sonho



E se fosse tudo um sonho? Se eu te disser que tu não existes?
Tu, tal como eu te quero e tenho. Tu não existes sem ser nos limites castradores do meu sonho impossível. Incorpóreo. Leviano. Sedutor.
Vagueio os olhos no horizonte vazio, imenso, numa espécie de sonambulismo e procuro encontrar-te pelo caminho entre juncos que me cercam, como um labirinto, a cada instante. Não quero saber do espaço gigante entre tu, eu e a vida. Quero apenas encontrar-te nessa minha fantasia sem escape, ou fuga possível. Quero-te em sonho por inteiro. Deitar-te a meu lado à deriva, despir-te de qualquer passado, envolver-te sem nada pelo meio. Entregar-me devagarinho, para que não me leves a alma no teu peito. Sim, quero-te nesse sonho invisível, isolado e intangível. Fundir-me em ti num ritual único de prazer e sensação. Colorido, brilhante.
E rasgo-me, impotente, no acordar constante e violento do sono que me conforta. Um despertar frio, incómodo. Uma angústia. Agonia. Dor.
Depois há novamente o sonho. Tu e eu, os dois, num universo longínquo, numa realidade distante.
Há um caos a que chamam vida e há a paz a que chamo sonho.

2 comentários:

T disse...

"Não quero saber do espaço gigante entre tu, eu e a vida."

Gostei =)

sgar disse...

É que há espaços assim mesmo, estupidamente gigantes!! Obrigada! bjs