04 janeiro, 2012

Caminhos paralelos

«Linhas paralelas que não tardaram a encontrar-se, porque a vida não é assim tão geométrica» Mário Zambujal



Então está combinado. Eu sigo por aqui, tu segues-me de perto. Mas seguimos os dois na mesma direcção. Posso ver-te, tocar-te, sentir a tua respiração rente ao meu pescoço e o calor da nossa intimidade.
Já não penso como antes. Convenceste-me com o carinho do teu abraço, o deslumbre das tuas palavras e a insanidade envolvente dos teus beijos. Hoje não quero mais cruzamentos que atravessem a alma, a atropelem bruscamente para depois seguirem rumos opostos.
Quero seguir a teu lado. Na constante euforia que me veste, mas sorrindo com a calma que aparentas. Sei que por dentro ardes como um vulcão pronto a explodir a cada instante, de loucura, desejos e medos. Nessa altura acompanho-te, afago o teu rosto inquieto e deixo-te repousar no meu peito. Sou agora a calma que te encontra submerso, o brilho que te puxa do escuro. Por vezes com uma gargalhada, porque a vida não pode sempre ser levada a sério. Mordo-te o lábio e percorro-te o pescoço, vicio-me no teu cheiro, no teu sabor. Estás aqui, mesmo ao meu lado, no caminho paralelo. Como o corrimão de uma ponte imensa que percorremos juntos, para nos encontrarmos lá ao fundo onde a geometria quebra as suas regras.



2 comentários:

S.o.l. disse...

Há textos que as palavras não definem. Sentem-se apenas. Este é um deles. Parabéns!

sgar disse...

Obrigada Sol :) é bom não definir muito as coisas! Beijo