26 janeiro, 2012

Sempre



Vou de costas, como sempre.  
E vejo-te ao longe a acenar. Sorrio, um sorriso forçado, triste.
Ficas cada vez mais pequeno à minha vista, mas aumentas assustadoramente dentro de mim, de tal forma sinto-me rebentar.  
Os olhos embaciam-se, numa névoa incómoda de lágrima que teima em gritar. Explodir no meu rosto inexpressivo, que impávido mergulha na paisagem indefinida que cegamente vê passar.  
Tu ficas mais uma vez lá atrás, ao fundo, encolhes os ombros e segues a tua vida em frente. Mais uma vez, perco-te de vista para trazer-te em mim. Debaixo da pele, pulsando nas veias, entranhado na carne e nos ossos, tão nítido e presente. 
"Tenho saudades tuas", dizes. "Ainda me amas?" perguntas. 
A boca seca, um nó estrangula o peito e as palavras, inseguras, ficam suspensas no ar. "Sempre", seria a resposta certa. O silêncio, possante, agarra-me de repente, impede-me de falar.  
Há pessoas que subitamente se reconhecem uma na outra. Mas perdem-se em vidas distintas, por não se conseguirem encaixar.




6 comentários:

S.o.l. disse...

Um nó estrangula o peito e impede de comentar...

T. disse...

"Lights will guide you home
And ignite your bones
I will try to fix you"

=P
beijos

sgar disse...

Sol, é um horror vivermos assim estrangulados... :) beijinho

sgar disse...

T, essa é "a" música, efectivamente... E eu até pus aqui a tocar (embora dos Boyce que não encontrei a original ...) mas... Não a consegui por em primeiro, confesso! Beijinho

Anónimo disse...

No words, just a smile:)

sgar disse...

Viajante??
Hope so! adoro um big smile teu:)