07 março, 2012

Manhãs

É nas manhãs que me perco na tua ausência. Enquanto me debato entre a roupa quente da cama e o meu corpo despido de ti. Como um escalpe, a pele arde em carne viva, sangra as memórias do que não vivi. Na cama revolta, o sonho é a realidade inventada, a ponte que transporta o teu corpo para aqui. Abraço-o, na ilusão de uma almofada, inerte, amarrotada. Não sentes nada. Abraço-te de olhos cerrados, porque a luz
fere com golpes de verdade.
O despertador irrompe abrupto no silêncio do quarto escuro, a música grita aos meus ouvidos, abana-me, sacode-me, para recuperar os sentidos. Vejo-me ao longe e sei que estou no limiar entre os mortos e os vivos.


Sem comentários: