18 outubro, 2011

Não consigo



Tu e eu. Éramos tão perto, esmagados um no outro. De tal forma não distinguia a tua pele da minha, o meu pensamento do teu. Como se o meu braço completasse o teu braço, a tua perna fosse o prolongamento da minha. Éramos assim um do outro, um no outro, um só, o mesmo. 
Um mundo só nosso despido de gente, uma nudez onde não cabia mais ninguém. Era assim que te abraçava, num diálogo mudo, aquele que só o olhar consegue estabelecer. Éramos tudo, o presente, o passado e o futuro. Ainda sonho-te, aqui comigo, envolto nas palavras com que me cobrias, as que nunca irão acontecer. Sim, ainda vagueio à deriva, como um sem-abrigo.
Há tanta coisa que te queria dizer. Mas não consigo.

Sem comentários: