12 dezembro, 2011

Caminho


És o longo caminho que percorro, sem saber se regresso.
Sem saber sequer onde me leva, ou o destino que me espera.
Ainda assim, caminho sempre sem hesitar. Transpondo a chuva e o vento, seguindo, alheia a tudo o que me rodeia, há apenas uma direcção - em frente.
Caminho sem parar. Por vezes corro, de olhos abertos ou fechados, não me importa o rumo, não me assusta o silêncio. Porque há neste caminhar errático, viciado, um conforto ou alento. Como se, na surdez do escuro, uma voz chamasse por mim em segredo. "Doce", chama-me doce, numa voz grave e calma. Pressinto-a de repente dentro de mim, tão íntima, e acredito que está perto.
É nessa altura que corro desenfreada para alcançar o calor do seu corpo, o aconchego do seu peito. Mas a voz foge-me escorregadia, movediça, por este caminho interminável, a voz vadia de lugar certo. E com a sua ausência e inconstância, ela tortura-me, dilacera-me.
É nesse instante abandonado que a sinto novamente longe, distante, quando a pensava tão perto.
Uma voz mágica, encantadora, que alimenta o sonho, a fantasia e o desejo.
Um caminho longo, sinuoso, que percorro cega sem regresso.



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