05 dezembro, 2011

Sorrir



Sinto quase um dever de sorrir. Sorrir sempre. 
Mesmo que me envolva um vazio imenso, cinzento, ainda que a incompreensão se instale no mais íntimo de mim, de tal forma torne a minha visão turva incapaz de distinguir a realidade do sonho. 
Sorrir é uma espécie de escudo que carrego, é a concha onde me recolho para não sentir a erosão do tempo, das impossibilidades que ferem como flechas disparadas do céu. 
Num sorriso carrego o alento do meu mundo sonhado e, inebriada nele, esmago tudo aquilo que não quero sentir. As dúvidas, as incertezas, as desilusões. Todas diluídas num rasgar de lábios que se basta a si próprio. Capaz de segurar o corpo trémulo contra as intempéries que o sacodem no ar. Rasgam-se os lábios, num movimento  ritmado, cíclico, previsível. Quase tão natural como respirar. 
Sempre que morres, morro também mais um pouco. Ainda sim, o sorriso sobrevive, sempre, porque eu mereço sorrir.



2 comentários:

T. disse...

Sorrir é sempre o melhor remédio. E fazer os outra sorrir também =) e cada vez que leio um post teu sorrio no fim... Adorei. Beijos

sgar disse...

E é mesmo um excelente remédio, espero que inesgotável :)
Muitooossss sorrisos!!Beijos