27 fevereiro, 2012

Espero por ti



No final, és sempre tu.
Do nada, ressuscitas inesperadamente, como um fantasma.
Envolves-me com o sopro da tua absurda sinceridade. Arrasas-me violentamente.
No mais imperfeito juízo, deslaço. E as pontas que segurava com firmeza, caem. Os nós embrulhados desatam-se. Alteras o ritmo do meu peito, o bombear do sangue, até a maneira como falo. Podia dizer que me deixas sem pingo de vida, nesse instante impossível em que te atravessas à minha frente.
Enrolo as palavras com a língua entorpecida e, numa espiral, deixo-me ir embriagada, adormecida. Sem medo.
Bloqueio. Retrocedo. Avanço novamente. Porque nunca soube lidar comigo, na ânsia de te ter. Nunca soube deixar-te, nunca aprendi a esquecer-te.
És sempre tu, no final que eu já vivi.
Apareces do nada, despido de tudo. Largado ao vento, de mãos a abanar. Ali ao fundo, numa estrada qualquer, do outro lado da linha, eu espero por ti.



2 comentários:

S.o.l. disse...

Gosto mesmo quando escreves Closet. Quem se perde embriagada nas tuas palavras sou eu, pelo sentido que fazem para mim.

(já me repito, eu sei, mas é a verdade)

sgar disse...

Obrigada Sol, é bom saber que consigo embriagar alguém, com palavras :) Um beijinho grande